Vic Albuquerque | #DeixaElaFalar
- Luis Enrique Kato
- 16 de abr. de 2020
- 5 min de leitura
Com cinco prêmios individuais em 2019, a meia do Corinthians é a nova entrevista do Futebol é Pra Mulher

Victória Kristine Albuquerque de Miranda, nascida em 13 de março de 1998, em Brasília (DF), é uma jogadora de futebol profissional desde 2013. Iniciou sua carreira pelo ASCOOP-DF e passou pelo Minas ICESP e Osasco Audax antes de ser contratada pelo Corinthians.

Pelos times que passou, conquistou: Campeonato Brasiliense 2018 e Campeonato Brasileiro A2 2018 (Minas ICESP); Campeonato Paulista 2019 e Libertadores 2019 (Corinthians), e Sudamericano Sub-20 2018 (Seleção Brasileira Sub-20).
Por sua campanha no Corinthians, Vic também conquistou prêmios individuais nas competições que disputou:melhor meiaerevelação do Campeonato Brasileiro,artilheira,craque eseleção do Campeonato Paulista.
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FEPM: Quem é Vic Albuquerque?
A Vic é humilde, tranquila, muito sonhadora, muito de família, que tem muitos objetivos para conquistar e muito batalhadora para alcançá-los.
FEPM: Você iniciou sua carreira atuando pelo ASCOOP, do Distrito Federal. O que te motivou a jogar profissionalmente?
O que me motivou, na verdade, foram os meus sonhos. Sou movida por sonhos. Minha família sempre sonhou comigo, todos amam muito o futebol, inclusive todos eles são atletas. Acho que o meu maior motivador foram as pessoas ao meu redor.
FEPM: Como foi dar os primeiros passos na modalidade? Quais foram os primeiros problemas/primeiras conquistas?
Os primeiros passos são sempre os mais difíceis. Você tem mais vontade de desistir, conhece o preconceito, conhece as pessoas que te julgam por você fazer algo que geralmente “é de homem”, hoje em dia não mais. As pessoas têm aberto mais a mente, apesar de ainda acontecer muito com outras garotas o que aconteceu comigo lá atrás, esse conflito com a sociedade e, graça a Deus, consegui passar por isso.

FEPM: Seu próximo clube foi o Minas ICESP, também de Brasília, onde você conquistou os troféus do Campeonato Brasileiro A2, Campeonato Brasiliense e foi convocada para a Seleção Brasileira Sub-20. Logo nos primeiros anos da carreira, conquistas importantes. O que considera que foi importante para tantos triunfos?
Acho que dentro do Minas e da Seleção de base, o que eu considero mais importante foi a minha formação e a minha criação. Como falei, tive pessoas ao meu redor que souberam gerir a minha carreira, a minha mentalidade, porque eu vim de um clube não tão expressivo no Brasil (hoje, sim, o Minas ICESP tem o valor que ele merece, muita gente gosta).
“Tive que mostrar dentro de campo que eu merecia estar lá, sendo campeã brasileira, Série A2, sendo convocada para a Seleção de base”
Então acho que o mais importante de tudo foram as pessoas que estavam ao meu lado, me mostrando o caminho correto. Não o mais fácil, mas talvez o mais árduo, mais longo, mas o correto.
FEPM: Ao final de 2018, foi emprestada ao Osasco Audax, e atuou na Libertadores. Qual foi o sentimento ao saber que estaria se mudando para São Paulo e iria competir internacionalmente pela primeira vez?
Meu empréstimo para o Audax foi muito rápido, precoce; foi um convite muito inesperado. Aceitei pelo fato de ser uma Libertadores, porque já estava no final do ano, não estava mais competindo pelo Minas. Foi uma oportunidade muito única pra mim, pude sentir o sentimento que era jogar uma Libertadores, de talvez sair de casa pra treinar. Eu já viajava bastante com a Seleção, mas morar fora já era uma experiência diferente. A competição internacional tem um sentimento muito diferente porque o próprio nome já diz, ela é fora do seu país. Então fui pra conhecer culturas diferentes, formas de jogos diferentes. Foi muito importante para minha inteligência tática, de jogo, para conseguir experiência e colocar em prática tudo o que aprendi.

FEPM: E foi no novo estado que você chegou ao Corinthians, no início de 2019, e foi peça importante para uma temporada histórica. Além da invencibilidade de 48 jogos (45 vitórias e 3 empates), foi vice no Brasileirão A1 e conquistou a Libertadores e Paulista (com direito a um lindo gol na final). Como você descreve 2019?
Pra mim, 2019 foi indescritível. Não consigo descrever, na verdade. Se fosse apenas com uma palavra, seria indescritível. Foram muitos sentimentos, muitas coisas misturadas, muitas dificuldades, muitas conquistas, momentos difíceis que passamos e a gente conseguiu coisas que, de fora, não dá pra enxergar. Foi a identidade do grupo, a união que tivemos, as brigas que travamos para ter aquilo que a gente realmente merece. Tudo o que a gente conquistou, que a gente conseguiu, foi por causa de uma união que talvez as pessoas de fora não vejam porque só veem a gente ali, jogando, fazendo gols, dando resultados. O ano de 2019 foi mais de conquistas pessoais, de ser humano, do que essas conquistas que todo mundo enxerga.
“Levo muito comigo: o grupo que trabalhei em 2019 foi o melhor da minha vida e acho muito difícil que eu encontre alguma coisa parecida de novo (mas esperamos que sim, né)”
FEPM: Sua atuação no clube, inclusive, lhe rendeu uma convocação na Seleção Brasileira principal, entrando na vaga da Marta. Qual foi o sentimento de poder vestir a amarelinha pela primeira vez?
Devo muito às minhas colegas de equipe, meus companheiros da comissão técnica. Minha primeira convocação foi muito devido ao trabalho que eu estava realizando no Corinthians, isso é inegável. Já tinha vestido a camisa amarela por algumas muitas vezes pela Seleção de base, mas pela principal teve um gosto melhor porque foi o meu maior sonho, era o ápice da minha carreira. Era o que eu queria alcançar, não no lugar da Marta, mas representando uma camisa que talvez tenha um peso maior, que foi a camisa 10, e fiquei muito feliz por isso. Não pude atuar na minha primeira convocação, mas nas outras eu pude. A Pia me deu essa oportunidade e depois consegui fazer meu primeiro gol pela Seleção, então foi muito marcante, não vou esquecer nunca mais.
FEPM: Ao final do ano, você recebeu cinco prêmios individuais após a temporada: melhor meia e revelação do Campeonato Brasileiro, artilheira, craque e seleção do Campeonato Paulista. Qual o segredo tantas conquistas?
Não tem segredo, é trabalho, trabalho e trabalho. Também devo muito às minhas companheiras, à comissão técnica que acreditou em mim, que apostou na minha qualidade. Os prêmios individuais são reflexos daquilo que a gente colocou dentro de campo, mas como são individuais, alguém tinha que ser escolhida. Fico muito lisonjeada por ter conseguido demonstrar, em números, em atuações, que eu merecia aquilo. Fico muito feliz e espero fazer ainda muito mais.

FEPM: Agora, aos 22 anos, a garota que de Brasília conquistou o seu espaço no futebol brasileiro (com muitos méritos), mas ainda há um longo caminho para se percorrer. Quais são os sonhos, as metas, que te mantém motivada? O que o coração de Victória Albuquerque ainda pretende conquistar?
Tenho muitos sonhos ainda, sou muito sonhadora, traço muitas metas para mim. Continuar na Seleção principal talvez seja minha maior meta porque quero muito participar e ser campeã de uma Olimpíadas e de um Mundial. Uma Copa do Mundo tem um peso muito grande na carreira de um atleta. Participei nas seleções de base e já vi um pouquinho, tive um gostinho do que é aquilo e quero muito ter essa conquista.
“E pelo clube que eu estiver, seja pelo Corinthians ou pelo mundo, quero dar o melhor de mim, ser comprometida, quero que extraiam o melhor da Vic”
Conto muito com o que eu acredito, que é o meu trabalho, o tanto que me entrego para ter aquilo que tracei como meta. O que me mantém motivada é exatamente isso: são as minhas metas, aquilo que desejo e aquilo que quero conquistar. Nada e nem ninguém é capaz de me parar.
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