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#DeixaElaFalar com Ilana Mendonça

Conheça Ilana Mendonça, a lateral recém contratada do Atlético-MG campeã do Campeonato Mineiro de 2020


| Larissa Ferraz


Foto : cristianemattos33


Natural de Itapuranga, Goiás, Ilana sempre acompanhou o pai a todos os jogos. O amor pelo futebol e pelo esporte então se tornou um sonho, de ser uma jogadora profissional. Antes de chegar ao galo em junho do ano passado, teve passagens por Foz Cataratas FC, clube que a revelou, Vitória da Tabocas, Internacional e uma breve passagem pelo futebol dos EUA. Nesta entrevista, Ilana nos conta um pouquinho como foi seu caminho até aqui.

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FEPM: Você saiu da casa dos seus pais muito nova, quando tinha apenas 15 anos. Como foi para você e para seus pais toda essa mudança?


Desde os meus 11/12 anos eu tinha recebido uma proposta para ir aos EUA né, que era para eu sair de casa. Mas como eu era muito nova e teria que mudar de país, meus pais optaram por não deixar. Mas aí eles já estavam meio que se acostumando com a idéia de que uma hora ou outra eu teria que sair de casa, e quando fiz 15 anos eu saí. Para mim foi muito impactante porque eu não sabia muito, eu não sabia fazer nada. Minha mãe lavava roupas, tinha comida pronta, tinha tudo. E quando eu saí eu perdi essa mordomia e tive que aprender a me virar. Meus pais ficaram tristes por eu estar saindo, mas ao mesmo tempo felizes porque era um sonho.

FEPM: O início da sua carreira foi no Foz Cataratas em 2011. Qual o maior obstáculo até aquele primeiro momento para você?

Um dos maiores obstáculos foi quando eu saí de casa e fui para lá, era mais de três mil quilômetros da minha casa até Foz. Eu saí do Para e fui para o Paraná, então eu ficava bem distante da minha família. Foi difícil para me adaptar a não ter minha família por perto e ter uma rotina nova, treinava cedo e de tarde, e a noite eu estudava.

FEPM: Você teve uma passagem no futebol nos EUA, em 2015 e 2016 jogando pelo Asa College. Como foi essa sua experiência fora do país?


Eu fui para os EUA em 2015 e joguei por dois anos pelo College onde fomos campeãs regionais e do distrito. Como eu completei dois anos jogando lá, eu fui para uma faculdade que foi o Tulsa e lá em eu não pude jogar porque eu recebi uma denúncia que já havia atuado aqui no Brasil, e quando você joga aqui não pode jogar lá. Isso acontece com muitas jogadoras, só que no meu caso teve a denúncia e não pude jogar. A experiência foi muito boa, eu aprendi a falar inglês, espanhol, eu me formei em tecnologia da informação. Então para mim hoje eu não me vejo sem ter tido essa experiência, que me fez ser quem eu sou hoje.

FEPM: Futebol Feminino no Brasil x Futebol Feminino no Estados Unidos

Futebol Feminino no Brasil é o talento, a vontade que a gente tem de ser jogadora, já nos EUA é onde tem a estrutura. Lá você decide, na faculdade têm o esporte na qual você joga e decide se quer se tornar uma atleta profissional ou não. No Brasil nós somos jogadoras porque nós queremos. Então essa é a maior diferença, a estrutura dada pelo país, nós aqui estamos engatinhando ainda, mas já se melhorou bastante coisa.

FEPM: Semana passada uma página do facebook relacionada ao Internacional, (seu ex clube) fizeram uma publicação de uma jogadora de 15 anos com a taça do título do gaúchão. Esse post foi invadido por comentários pedofilos e de cunho sexual. Queria que vc comentasse sobre esse episódio que infelizmente ainda acontece.

Eu acompanhei esse caso nas redes sociais. Infelizmente temos que passar por isso em pleno século XXI, é algo que era para ter ficado lá no passado. Toda essa sexualidade com o futebol feminino, em achar que temos que jogar com shorts curto, uma blusa mais colada durante nosso período de serviço. Aquilo é o nosso ganha pão, então nós estamos ali para sermos vistas como profissionais, por aquilo que fazemos e não pelo que vestimos. Foi até bom que esse caso tenha repercutido para que não aconteça novamente, e para que quem comentou aprenda a respeitar nosso trabalho.

FEPM: Quais seus planos para o futuro?

É conseguir o acesso para a série A1 com o Atlético, isso é uma coisa que tenho em mente uma vontade muito grande com meu coração. Os planos mais distantes é daqui uns três anos me aposentar e poder trabalhar na área do esporte com aquilo que eu tenho formação né. Vai ser meio difícil encaixar alguma coisa aí mas acredito que tenha.

FEPM: O que difere a Ilana família para a Ilana atleta ?

A Ilana família é mais brincalhona mais "zueira", mais em paz. Já a Ilana atleta é uma pessoa séria, como as meninas falam, eu fui apelidada esse ano de velha ranzinza pelo fato de eu cobrar bastante, ser chata, ficar no pé.

FEPM: E para fechar, quem é Ilana Mendonça?

Ilana Mendonça É uma pessoa bem tranquila bem família. Gosta muito de ficar em casa, sempre gosto de estar aprendendo coisas novas, bastante ligada à tecnologia. As vezes chata, as vezes muito sincera. Isso me define um pouco.


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