Glaucia Cristiano | #DeixaElaFalar
- Yasmin Dias
- 23 de mar. de 2020
- 4 min de leitura
Melhor atacante do Brasil em 2019 é a primeira entrevistada no novo quadro do Futebol é pra Mulher

Glaucia Suelen dos Santos Cristiano, 27 anos, principal contratação da temporada do São Paulo FC, eleita melhor atacante de 2019 e agora a primeira entrevistada do quadro #DeixaElaFalar, produzido pela página Futebol é pra Mulher.
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Acompanhe a entrevista:
FEPM: Como foi tomar a decisão de jogar no São Paulo? Sempre foi uma vontade sua ou você teve a oportunidade e aproveitou?
G: Eu queria um novo desafio para a minha carreira e o São Paulo fez uma boa proposta na época. A oportunidade era boa, vi todo o carinho da torcida por mim e a vontade deles em contar comigo para a temporada, o que me animou muito em entrar nesse projeto, por isso acabei abraçando e estou muito feliz aqui.

FEPM: Muitas meninas que nos acompanham sonham em ser jogadoras de futebol, e seja santista ou são-paulina, elas se espelham em você, na Gláucia que não desiste. Quando mais nova você imaginava que iria inspirar tanta gente?
G: Sempre fui em busca dos meus objetivos e sonhos, dos quais eu sempre lutei muito. Não imaginava que chegaria em um nível tão alto como estou hoje. Antes eu era fã de jogadoras e hoje posso ver algumas pessoas dizendo que são minhas fãs, que seguem meu exemplo. Fico até assustada, porque nunca me passou pela cabeça nada disso, essa responsabilidade, mas fico muito feliz porque minha história foi de muita luta e sempre acreditando no certo, buscando sempre fazer com que as pessoas gostassem do meu futebol e de mim, como Pessoa. Só tenho a agradecer.
Sei que tenho potencial para isso e o que preciso melhorar para estar lá (na Seleção), que é a parte física. Estou trabalhando todo dia no clube para isso.
. FEPM: Desde sempre você diz que tem uma amizade forte com a jogadora Maurine. Como foi no ano passado a separação de vocês duas? Ainda mantém o mesmo contato ou a distância acaba interferindo um pouco?
G: Joguei com a Maurine outros anos antes, mas nos aproximamos mesmo em 2019 no Santos. Ela é uma pessoa que passa uma energia muito boa. No Santos nos divertíamos muito fora de campo com vídeos nas concentrações. Ela é uma pessoa maravilhosa, que hoje eu posso chamar de amiga, claro que como ela foi pra fora do Brasil perdemos pouco do contato, não nos falamos com tanta frequência como antes, mas todas as vezes que temos contato, continua na mesma intensidade, mesma amizade e carinho, uma pessoa que guardarei para a vida toda. Me ajudou muito dentro e fora de campo.
FEPM: Sabemos que sua volta ao Brasil era algo que desejava muito enquanto jogou na Coreia do Sul. Hoje, tendo sido considerada a melhor atacante de 2019 e estando muito bem na equipe tricolor, na qual vemos o aumento da evolução a cada jogo, acredita que pode voltar a Seleção?
G: Acredito sim e quero muito. É um desejo e meta minha. Sei que tenho potencial para isso e o que preciso melhorar para estar lá, que é a parte física. Estou trabalhando todo dia no clube para isso. Fazendo meu melhor dia a dia, minha hora chegará na Seleção Brasileira.

FEPM: Recentemente, vocês realizaram um jogo histórico onde quebraram uma sequência também histórica no futebol feminino. O São Paulo conseguiu vencer o Corinthians por 2x0 e bater a série de 48 jogos invictos das alvinegras. Como que foi jogar esse clássico já imaginando o peso que tinha? Você vê esse jogo como uma “revanche” pela final do Paulistão 2019?
G: Clássico sempre é um jogo “diferente”, e tinha essa marca para ser quebrada, queríamos muito vence-las, como queremos vencer todos os jogos. Entramos muito focadas e determinadas na nossa casa e fizemos valer o nosso mando de campo. Jogamos seguras, fizemos uma boa partida e saímos com os três pontos, e ainda tive a felicidade de sair com um gol meu. Não vejo como “revanche”, cada jogo tem sua história, são momentos diferentes, times diferentes e competições diferentes. Espero que neste ano a gente levante o título, seja contra elas ou não.

FEPM: A Pia inclusive assistiu esse jogo, e viu você abrindo o placar com aquele gol de cabeça onde entrou na área adversária e finalizou perfeitamente sem marcação. Era esse o momento que esperava quando disse ao GE que “espera muito mais do que estar no São Paulo”, se referindo a convocação pela técnica Pia?
G: Como eu sempre digo, Seleção Brasileira é sim um objetivo, um lugar que quero retornar e sei que posso chegar. Sei que a Pia está de olho em mim e sei o que falta para mim. Ela já foi em jogos nossos, sabe da temporada passada e o que estou fazendo nesta. Cabe a mim avançar fisicamente e continuar trabalhando, focada. Sei que tenho potencial para isso e o que preciso melhorar para estar lá, que é a parte física. Estou trabalhando todo dia no clube para isso.
FEPM: Para descontrair, você tem alguma dica para dar aos torcedores sobre o que fazer nesse período de quarentena?
G: Nossa, está difícil! Estou treinando bastante, brincando com meu cachorro Simba, vendo televisão, filmes, conversando com as pessoas por celular e mesmo assim continua sobrando tempo. Mas é necessário, é por mim e por todos. Estamos em um momento em que todos precisam ter a consciência que é necessário ficar em casa para ao quanto antes parar com a pandemia e a vida voltar ao normal, assim a bola volta a rolar o quanto antes e a gente volta a fazer o que mais ama, que já estou morrendo de saudade do futebol.
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