JAJÁ AMORIM | DEIXA ELA FALAR
- Emily Rodrigues
- 18 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Conheça a história de Jajá Amorim, zagueira e capitã do Cruzeiro

Campeã do campeonato mineiro em 2019, Jaini Teixeira Amorim já passou por muitas coisas - e por muitos clubes - para chegar onde está atualmente.
Nascida no interior paulista, a zagueira deu seus primeiros passos no futebol aos 8 anos. Tudo começou quando os meninos de sua rua precisavam completar o time para jogar e a convidaram, “desde então comecei a jogar bola. Era meu vicío”, declara.
A partir daí, Jaini passou a procurar lugares para jogar. Jogava na rua, na escolinha de futsal, na quadra, no campo, onde estivesse a bola ela ia.
INICÍO DA CARREIRA
Tendo como inspiração o primo, que atuou no time da cidade onde moravam, Jajá sabia que iria se tornar profissional desde muito nova. “Sempre falava pra meus amigos da rua que eu ia crescer e me tornar jogadora profissional”, conta. Nesta época as pessoas já viam seu potencial, em especial seu primo, “lembro que ele me chamava de ‘Marta’”, comenta.
“Sempre falava pra meus amigos da rua que eu ia crescer e me tornar jogadora profissional”
Quando ainda morava em São Paulo, a atleta começou a atuar no time da escola da sua cidade, foi então que, aos 15 anos, aceitou uma proposta feita pelo Colégio Sólido, de Montes Claros/MG, para jogar em troca de uma bolsa de estudos. Até então, ela só tinha treinado futsal, foi nesta época que o futebol entrou em sua vida.
No colégio, Jaini recebeu uma série de propostas vindas de clubes de futebol. Foi então, que uma colega a convidou para ir jogar no Espírito Santo. Atuando pelo Barra de São Francisco/ES teve seu primeiro contato com o futebol.
Durante a transição para o campo, conta que sua maior dificuldade era com a noção de espaço, mas não demorou muito para se adaptar. “Ainda tinha a vantagem da agilidade e domínio que eu tinha do futsal”, afirma.
FAMÍLIA
Contando sempre com o apoio de sua família, a jogadora recebeu uma resistência maior de seu pai, que acreditava que estudar daria um futuro melhor. Mas com o passar do tempo isso mudou, “hoje ele até torce e faz de tudo pra assistir jogos quando transmitidos”, diz.
Também, afirma que sua mãe e sua avó sempre foram seu alicerce. Em vídeo publicado pelo Cruzeiro, ela conta que a mãe chegou a deixar de comprar coisas de casa para dar a assistência que ela precisava para ser jogadora.
Outra pessoa que sempre a apoiou foi sua tia, que ficava procurando peneiras em clubes de São Paulo para Jaini participar. Foi assim que ela deixou o Espírito Santo, e voltou para seu estado para jogar pelo Botafogo de Ribeirão Preto, e depois, conseguiu uma vaga no Paulista de Jundiaí.
NORDESTE

Em sua segunda passagem pelo Botafogo, quando tinha 19 anos, uma atleta do São Francisco da Bahia foi emprestada para o clube. Na ocasião o técnico do time baiano precisava de jogadoras novas na equipe assim, a atleta – que estava atuando mais como uma olheira - levou Jajá para a Bahia.
Inicialmente atuando como volante, o técnico precisou dela na zaga, a partir daí não voltou mais para a posição de origem. “Foi onde me acharam e estou até hoje, graças a Deus”, brinca.
Em 2017, a zagueira teve uma breve passagem pelo Foz de Cataratas/PR, mas logo voltou nordeste, foi quando jogou pelo Caucaia/CE e pelo Sport/RE.

Foi no Sport que ganhou mais destaque no cenário do futebol feminino, “foi pouco tempo mais foi o empurrão de eu precisava para decolar, para voar mais alto, tive o maior prazer em trabalhar com o Treinador Jonas”.
Jajá ainda conta que o treinador em pouco tempo a mostrou onde era preciso melhorar, e seu potencial. “Para mim um dos melhores treinadores que o Brasil possui no feminino”, afirma.
Quando o projeto do time feminino do Sport foi encerrado – após o rebaixamento do masculino – a atleta recebeu uma proposta para integrar o elenco feminino do Cruzeiro.
CRUZEIRO

A trajetória que começou em 2019, já rendeu boas conquistas. Um título mineiro e o acesso para o Brasileirão A1, em ambos a zaga foi um dos setores de mais destaque.
A jogadora relaciona esse êxito com o trabalho duro que faziam nos treinos. “Tudo que conquistamos ano passado, não foi nada mais que a recompensa de todo trabalho. Desde a Bárbara (gestora do futebol feminino), a comissão e as atletas que têm realmente o DNA vencedor do Cruzeiro”, diz. Ainda conta que a torcida foi incrível e muito importante em todos os momentos, “nos apoiam demais”, afirma.
Além de conquistas memoráveis, foi no Cruzeiro que Jajá teve os jogos mais marcantes de sua carreira, entre eles está o clássico contra o Atlético, onde – por conta do rodízio que era feito pelo treinador - ela recebeu a faixa de capitã, “o primeiro clássico diante delas e ganhamos de 2x0, a gente nunca esquece”.

Já em 2020, recebeu a faixa de capitã definitivamente, o que a deixou muito feliz “Acho que fui escolhida por ter a mente forte, sou muito aguerrida, gosto de ajudar, gosto de brigar. Também pela minha força física e liderança dentro de campo”. Entretanto considera que todas que estão dentro de campo são capitãs “a diferença é que tenho a voz mais alta”, brinca.
METAS
Hoje, aos 26 anos, Jajá conquistou muita coisa no futebol, entre elas, seu principal objetivo, dar uma vida melhor para sua família. Mas seus sonhos não param por aí, ela ainda quer atingir algumas metas, como jogar pelo Lyon ou PSG.
Além disso, traçou alguns objetivos “Antes de ser uma grande atleta, espero ser uma grande mulher. Minha meta é ser uma grande jogadora na minha posição, ser uma das melhores zagueiras e ser inspiração para outros(as) atletas que sonham em ser jogadores. Poder viver muitos momentos felizes que o futebol vier a trazer e ajudar para que o futebol feminino cresça ainda mais”, finaliza.
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